Jornalista questiona modelos de Fla e Flu no Maraca: "A conta vai fechar?"


Em julho de 2013, a Pluri Consultoria divulgou uma pesquisa demonstrando o Brasil na 31º colocação no ranking de taxa de ocupação dos campeonatos nacionais pelo mundo. Isso significa uma queda, já que em 2012 o lugar no mesmo comparativo era o de 19º. Faltando 38 dias para a abertura da Copa do Mundo, que será realizada no Maracanã, o jornalista do jornal "O Globo" Carlos Eduardo Mansur questionou os modelos adotados por Flamengo e Fluminense no uso do estádio. Já Carlos Eduardo Éboli, da Rádio CBN, afirmou que os preços cobrados nos jogos do Brasileirão estão acima da qualidade do espetáculo



- Se dois clubes de perfis tão distintos como Flamengo e Fluminense, operando o estádio de maneira tão distinta, não chegaram a um ponto ideal de negociação até hoje, há que se responsabilizar quem cedeu o estádio a iniciaiva privada. Como essa conta vai fechar? Como os clubes vão poder se relacionar? Vão poder liberar o concessionário para praticar o tipo de preço que ele quiser? - questionou Mansur.

Avaliando a quantidade de público pagante e o faturamento dos clubes, é possível reparar que enquanto na derrota do Fluminense para o Vitória mais de 44 mil pessoas pagaram ingresso, foi na vitória do Flamengo sobre o Palmeiras que a renda foi maior: R$ 763.125 contra R$ 609.195 (na partida do Rubro-Negro, o público pagante foi de 16.318). Carlos Eduardo Mansur comparou a relação dos dois clubes com o Consórcio Maracanã, afirmou que nenhum dos dois chegou a um modelo ideal, mas que os tricolores estão mais próximos disso por preservarem a presença de torcida no estádio. No entanto, Mansur também chamou atenção para os aspecto econômico, onde os rubro-negros levam vantagem.
- O Flamengo colocou um terço do público no estádio, é uma diferença sensível. O Fluminense anda um pouco mais perto do modelo que eu considero ideal. Agora, é evidente que o clube também precisa pensar no aspecto econômico. E nem Flamengo nem Fluminense chegaram ao ponto absolutamente ideal de convivência com o novo estádio. Não pode o Fla ter o ingresso médio mais caro do Brasil. Está errado. Assim como, em algum momento, o Flu vai ter que encontrar uma fórmula de subir um pouco o seu teto de arrecadação. A bilheteria ainda desempenha um papel importante na arrecadação. No Fluminense, foi feito um modelo de contrato em que toda renda dos dois setores atrás dos gols é do Flu, mais nada no estádio. O clube tem um teto de arrecadação muito baixo. Já o modelo do Fla é mais complexo - disse Mansur.

O jornalista de O Globo levantou também o fato da Copa das Confederações e da Copa do Mundo serem realizadas no Brasil. Ao citar uma perspectiva de aumento na taxa de ocupação influenciada pelas novas arenas, construídas ou reformadas para receberem jogos desses torneios, Mansur lembrou que esse desafio já é antigo. Na tabela ao lado, é possível perceber que além do Fla preserva a renda e o Flu preservar a presença da torcida, o Inter também tem um bom faturamento no Beira Rio, reaberto há pouco mais de um mês.
- A temporada brasileira, historicamente, é de uma ocupação de estádio baixa. Sempre foi um desafio que o futebol brasileiro teve que vencer. Esperava-se que as novas arenas, sozinhas, promovessem esse "boom". Já ficou claro que não. Se você olhar um final de semana de futebol pelo mundo, vai chamar atenção o quanto os estádios brasileiros, na média, são os mais vazios. Isso é histórico e não novo - afirmou.      
Sobre o Maracanã, a crítica foi mais específica. Mansur deixou claro não ter concordado com a forma que foi feita a licitação do estádio para a iniciativa privada, sem a participação dos clubes.
- Moldou-se esse estádio pensando na Copa do Mundo, mas sem pensar que ele precisaria ter 50, 60 ou 70 anos de existência em uma realidade muito distinta, e se entregou a iniciativa privada sem pensar no impacto que isso teria na realidade do dia a dia dos clubes, colocando-os à margem dessa negociação e depos os colocando à mesa de negociação com os novos proprietário para negociar até certo ponto enfraquecidos. Ainda mais em uma cidade como o Rio de Janeiro, que não tinha uma alternativa - disparou.
O apresentador André Rizek mostrou fotos de uma reportagem do Jornal O Globo que levantou as outras atividades que o Consórcio Maracanã organiza no estádio, como casamento, provas de concurso e visitações. Mansur ponderou que isso já se tratava de um projeto, para compensar o período de portões fechados, portanto sem renda, por conta das obras da última reforma. Foi exemplificado também o fato do futebol nem sempre conseguir suprir o ganho necessário de receita para a "conta fechar". Carlos Eduardo Éboli ainda lembrou a perda da área de convivência, que não está pronta.

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