A ética e o esporte, um exemplo para todos

O futebol Brasileiro passa por uma grande crise ética e moral que nos faz lembrar de casos de mais de 15 anos atrás, quando ocorreu a polêmica do caso Sandro Hiroshi que defendia o São Paulo, e teve seu passe e sua inscrição na CBF cassada após ser inscrito pelo Rio Branco de forma irregular, em meados de 99.

Sandro Hiroshi, quando atuava pelo São Paulo

O caso polêmico de Sandro Hiroshi aconteceu em 1999, quando o então jogador transferiu-se do Tocantinópolis para o Rio Branco e após o término daquele Campeonato Paulista, o atleta transferiu-se para o São Paulo. O Tocantinópolis entrou com uma ação no antigo TJD (atual STJD) para bloquear a inscrição do atleta na CBF, que havia se transferido para o Rio Branco de maneira irregular, uma vez que a equipe Paulista, o inscrevera sem consentimento do Tocantinópolis para a disputa do Paulista daquele ano. Por ironia do destino, Hiroshi se destacaria e mais tarde seria contratado pelo São Paulo. O Tocantinópolis alegava que teria o direito de receber uma parte da negociação com o São Paulo. O Rio Branco alegava que o tinha contratado ainda quando Sandro era jogador juvenil, então não haveria necessidade de que houvesse a autorização da equipe Tocantinense. No mesmo ano (1999) pela 4º rodada do Brasileirão, o São Paulo goleou o Botafogo por 6 a 1 e Sandro atuou de maneira irregular naquela partida, o que fez com o que o Botafogo entrasse no TJD para anular o resultado daquela partida, o que surtiu efeito, pois o Fogão foi declarado o vencedor, levando pra casa os três pontos do São Paulo.

Sandro Hiroshi estava com o seu passe bloqueado, medida tomada pela CBF, para evitar que outros clubes se envolvessem nesse imbróglio, até que o Rio Branco e o Tocantinópolis resolvessem essa pendenga judicial. Coube ao São Paulo recorrer da decisão, alegando que dezenas de clubes estariam em situação semelhante ao do time Tricolor, o que não surtira efeito, já que a comissão disciplinar do TJD manteve a jurisprudência do julgamento anterior. Para piorar, o Internacional/ RS também entrou com uma ação alegando o mesmo fato, apesar de ter levado apenas um ponto para casa, e novamente o Tricolor fora derrotado pelo comissão disciplinar do TJD.

O jornal Folha de São Paulo passou a investigar a situação de documentos do atleta, e descobriu que Hiroshi falsificou sua data de nascimento e o ano em que começou a jogar, a CBF tomou a iniciativa de suspender preventivamente o atleta até que tudo fosse esclarecido. Como a investigação ocorreu ao mesmo tempo que o julgamento da comissão disciplinar do TJD, o caso ficou marcado por suposta "confusão" entre as informações levantadas pelo diário Paulistano e as informações do processo. A nuance mais dramática dessa trama obscura, aconteceu graças a intervenção do TJD, que retirara os pontos do Tricolor, e os entregara ao Botafogo, que escapou do rebaixamento e empurrou o Gama/DF para a degola. Sentindo-se prejudicado por atos de terceiros, o Gama/DF entrou na justiça comum contra a CBF, que foi impedida de realizar o campeonato no ano seguinte ( o Brasileirão de 2000) então formou-se o Clube dos Treze, que organizara a Copa João Havelange que levou o Fluminense de volta a primeira divisão, sem passar da série-B para a série-A.

Meus amigos, os casos "Sandro Hiroshi" e o caso recente "Tapetão 2 a missão" mostra quão o nosso esporte e sociedade estão perdidos em relação a valores éticos, vemos que o princípio da legalidade e da ética sendo distorcidos em favor de vontades alheias, ao que deve se considerar correto. Assistimos nesses julgamentos, que o estigma "tapetão" ainda não foi expurgado de nossas mentes e das mentes de quem administra a "máquina" futebolística Brasileira. Vemos tudo novo, de novo, e me pergunto: Será que ainda veremos mais dessa pouca vergonha? Espero que não... Espero que um dia, regulamentos não sirvam de pretexto para burlar aquilo que foi consequência do resultado obtido em campo, espero que ainda haja um pouco de vergonha na cara da sociedade, espero que ainda exista decência no futebol.

Forte abraço!!!

Bruno Godinho

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