Como torcedores em campo

Ronaldo Angelim e a auxiliar de nutrição do Fortaleza, Toinha,
choram no anúncio da aposentadoria do zagueiro em 2013.
Nunca escondi de ninguém que meu time de coração era o Fortaleza, mas cresci apaixonado pelo futebol em geral. Tive sim meus ídolos nos anos 90, eram raros, como Sandro Gaúcho e Frank, depois veio Vinícius e Clodoaldo, mas o primeiro grande ídolo mesmo foi o da foto, Ronaldo Angelim. Conhecia e admirava o defensor desde o estadual de 1999 quando ainda jogava pelo Juazeiro. Passou por Ceará e Ituano, até chegar no Fortaleza em 2001. Foram cinco temporadas com a camisa tricolor, ganhando quatro títulos estaduais, dois acessos à Primeira Divisão, 28 gols e 296 partidas, até em 2006, depois de ser eleito o terceiro melhor zagueiro da Série A no ano anterior, perdendo para Diego Lugano e Gamarra, se transferir para o Flamengo.

Longe do Fortaleza, foram diversas demonstrações de carinho e respeito ao clube. No programa "Tá na Área" do Sportv, chorou para todo Brasil ao falar da situação do ex-clube em Novembro de 2008, quando lutava para não cair para Série C. Mas não foram por esses motivos que me fizeram admirar Angelim. Foi em campo, com raça, vibração, eu via nele um torcedor vestindo a camisa 4. Olhar para o "Magro de Aço" jogando era se sentir mais um na partida, era simplesmente admirável assistir um jogador assim pelo seu clube. Foi sensacional chorar com ele o gol da vaga para a Série A em 2004, se emocionar pela superação com o gol título Brasileiro com o Flamengo em 2009, por tudo que ele representou para o seu time de coração e por todo o carinho que se criou por ele.

Ídolo da Roma, Francesco Totti passeia
em campo com a filha antes de jogo em 2010
No futebol, existem diversos casos. No Brasil se falam de Marcos e Rogério Ceni, os goleiros que fizeram carreira em Palmeiras e São Paulo, ídolos de seus clubes e monstros sagrados do futebol nacional e até mundial. Atualmente, para mim, o maior caso de amor ao clube é sem dúvidas o de Francesco Totti. O meia-atacante romano, é torcedor apaixonado pelo clube, declarou inúmeras vezes que jamais vestiria outra camisa e mesmo com várias propostas durante a carreira, se manteve na equipe do coração por todos esses anos.

Mesmo em terras onde o dinheiro corre solto, como na Premier League, ainda existem esse tipo de jogadores. Steven Gerrard, sempre demonstrou o amor pelo Liverpool, inclusive em sua autobiografia ele cita: "O Liverpool era uma religião na casa onde cresci". Em seus últimos momentos, antes de sair para o Los Angeles Galaxy no meio do ano, o meia inglês certamente terá momentos emocionantes com a torcida que o venera.

Nomes de jogadores apaixonados pelos seus clubes não faltam, casos como o de Kléber Pereira que voltou ao Moto Club em fim de carreira e hoje procura ajuda com os amigos do futebol para manter o time ativo. Nilton Santos, onde sua história se confunde com a do Botafogo, caso raro no esporte. A família Maldini e o Milan, o inteligentíssimo Aboutrika com o Al-Ahly no Egito. Entendo todos esses casos, repito o que disse para a minha noiva ao explicar a minha idolatria pelo futebol alguns dias atrás: "Feliz é o torcedor que teve em seu clube, um Angelim em campo". Ídolos de verdade, não se produzem, eles simplesmente nascem!

Por Luca Laprovitera

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