Clássico que não acaba nem quando o juiz apita



Cassiano, autor do gol do título aos 47 do 2ºT
Depois de não parar desde ontem nesse Clássico que o jogo acabou e a rivalidade não, posso finalmente respirar e analisar friamente os causos que aconteceram.

O jogo foi bem disputado, o Ceará tentou ocupar o meio-campo, bem marcado pelo Fortaleza na linha de frente formada por Correa, Pio e Auremir. Quando o tricolor saia pro ataque e se abria, o alvinegro contra-atacava e aí que veio o erro de Silas Pereira. Poderia ter apostado no trio de meias que vinham jogando, mas na tentativa falha de ocupar o meio-campo, acabou perdendo a força do contra-ataque com Assisinho, ponto pro Fortaleza que soube se aproveitar disso e em um lance discutível, eu particularmente acredito que Daniel Sobralense estava um pouco a frente, mas nada que pudesse crucificar o árbitro, abriu o placar.

No segundo tempo, o Fortaleza manteve a postura e com a expulsão de Uiliam Correia, foi a vez de Marcelo Chamusca fazer seu erro que poderia custado o Campeonato, ao pôr Vinícius Hess no lugar do machucado Éverton. O time ficou completamente sem armação, já que Daniel Sobralense ficava sobrecarregado na frente e Correa, o único que poderia fazer esse papel, já estava fisicamente acabado devido a idade avançada, mesmo com um a mais, chamou o perigoso time do Ceará para cima que ganhou força e coragem após frango homérico de Deola, que no segundo jogo decisivo, falhou feio pela segunda vez, só que dessa vez, graças aos companheiros, não custou caro, caso a pensar se o goleiro merece se manter entre os onze titulares, por mim, hora de testar Erivélton no time titular.

Depois da sofrida virada alvinegra, Tinga recebe na entrada da área em posição legal e acha Cassiano, empate heroico e título tricolor depois de cinco anos. O atacante que saiu do banco para entrar no lugar do Lúcio Maranhão, que viu de dentro do campo Ricardinho empatar o jogo aos 37 do segundo tempo em falha de Deola e aos 45, Assisinho, que trocou o Fortaleza pelo Ceará e parecia predestinado a fazer o ex-time continuar sofrendo ao sair do banco e marcar o gol no fim com um a menos. Foi Cassiano que viu a entrada de Tinga pela direita e o buraco deixado pela defesa alvinegra devido a desatenção na recomposição após comemorar o gol, foi dele, Cassiano, que só tinha três gols no ano até então, apenas dois no estadual, que havia perdido a vaga para Lúcio Maranhão, era de Cassiano, desconfiado, o gol da salvação. 

O Fortaleza tecnicamente não é o melhor time, mas Chamusca sabe usar suas peças e com um obstáculo superado, a manutenção do jogo, da equipe e a contratação de algumas peças são vitais para o acesso à Série B. Já o Ceará, deve perder Samuel Xavier e Magno Alves já nesta terça e muito se fala em Ricardinho até o fim da semana. O alvinegro com a equipe que tinha era franco favorito ao acesso à Série A, mas a necessidade de reposição e as novas peças no elenco trazem uma dúvida sobre a retomado do time ao decorrer do ano.

Ao fim do jogo invasão dos torcedores ao gramado e não quero pagar de moderno, mas existe o perdão e a condenação no ato. O perdão porque de início eu entendia que era o grito do fim do sofrimento de cinco anos vendo o rival se sobressair, abrir uma vantagem de títulos que havia sido retirado, o grito da volta da esperança. Vale lembrar que em 2000, quando o Fortaleza bateu o Itapipoca por 2x1 na final do Segundo Turno do Cearense e colocava o Leão de volta aos trilhas, a torcida trouxe abaixo o alambrado aos 43 minutos do segundo tempo, algo impensável hoje, quinze anos depois. A diferença, não pensada pela torcida e exagerada pela maioria, é que não era jogo de torcida única, os alvinegros não gostaram e tem razão em não, mas no fim, no meio de tanta selvageria ninguém tem razão. Os tricolores invadiram, destruíram dentro e fora do estádio, mostraram não só pro Brasil, mas pro mundo cenas lamentáveis, roubaram materiais de amigos jornalistas e de emissoras, a torcida do Ceará também, invadiu, se rebaixou e para piorar, a gozação que deveria ter sido evitada, poderia ter virado tragédia com a reação alvinegra. Erro da polícia, do Ceará, mandante da partida e da Federação, esse tipo de invasão, em clássico, decisão, do jeito que foi, deveria ter sido pensada, especialmente quando os ânimos se afloram da maneira que Magno Alves, com 39 anos, desnecessariamente ajudou a aflorar. Por fim, lamentável o fato de Evandro Leitão, se ele agrediu ou não Péricles Bassols, não cabe a mim julgar, mas fugir do fato por 24 horas e se comunicar através de nota pelo próprio clube não ajudou no julgamento popular, importante para o Presidente de um dos maiores clubes do Nordeste, Deputado Estadual e Representante do Governo dentro da Assembléia Legislativa do Estado, uma pessoa que não representa em suas atitudes de ser humano não só a torcida alvinegra, mas toda uma população de seu estado.

Por Luca Laprovitera

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