O Brasil foi abençoado com a possibilidade de ver nascerem e crescerem gerações e gerações de jovens talentosos, detentores da arte do futebol. Durante um bom tempo está dádiva fez a diferença dentro de campo e os brasileiros acostumaram a comemorar títulos e assistir grandes atuações da nossa Seleção.
Dentro dos limites territoriais brasileiros a disputa era desigual e polarizada entre Rio e São Paulo, ambos berços de grandes jogadores e principalmente destino de jovens promissores vindos de todos os cantos do País. Mas essa situação e a abundância de talentos que desembarcavam tanto nas terras fluminenses como na terra da garoa, fez com que a condição de criadouro de futebolistas natos, terra de craques, espalhasse-se pelo mundo. A falsa impressão que só nos Estados citados forjavam-se campeões e posteriormente a entrada desastrada de conceitos táticos e físicos importados, sem a devida análise e principalmente sem os profissionais preparados para adequar e aplica-los aos atletas, somados ao deslumbramento de muitos jornalistas, diretores e jogadores com as conquistas internacionais e a fama de nosso futebol após a apoteose de 70. Levou a uma dieta forçada que atravessou todos os anos setenta e foi dolorosamente marcada a ferro em nossas memórias em 82, quando Zico e cia criaram a ilusão da conquista, porém esbarraram na Itália, nos gols de Paolo Rossi e na indolência de Luizinho e Toninho Cerezo. Assim mais uma década de frustrações e a forçada qualificação dos profissionais que lidariam com um dos tesouros deste País, o futebol.
Respeitando os limites da competividade e do tamanho da popularidade e disseminação do esporte em todo o Mundo e a ainda enorme diferença na capacidade de investimento no esporte em Países europeus e agora asiáticos também, voltamos a vitrine a ao topo da lista com cinco conquistas e novas levas de craques surgindo ano a ano, com a diferença que agora partem do Brasil preparados para o profissionalismo e para adequarem-se a vida fora da terra natal.
Esta longa introdução serviu apenas para ressaltar dois Clubes brasileiros que vem fazendo a diferença e tornando-se cada vez mais referências para a descoberta, captação, formação e posterior utilização de jovens atletas. Atlético Paranaense com sua estrutura invejável e sem paralelo no futebol Sul Americano e o mundialmente conhecido Santos. Neste meio de semana, mais uma vez, estas duas equipes venceram, mostrando a todos seus garotos, suas feras, gestadas em casa.
Meus respeitos a esses Clubes que garantem o bom aproveitamento de nossa matéria prima e mostram o caminho para garantirmos um futuro ainda mais vencedor.
Júlio Castro