Não apaguem os vexames, as derrotas fazem parte do crescimento

Oscar chora e é consolado por Lahm
após massacre alemão contra o Brasil na Copa de 2014
Parece que não aprendemos, tanto futebolisticamente, quanto a mídia. A dor, a derrota, elas fazem parte, elas são nosso crescimento como povo, como futebol, o Brasil parou no tempo, parecemos hoje o rock, fomos os maiores nos 60 e 70, tivemos um novo boom nos anos 90 e início dos anos 2000 com algumas estrelas cadentes, mas hoje vivemos dos nossos monstros do passado e lampejos de estrelas pop.

A nova Era Dunga me lembra muito a passada. Um início arrasador, com vitórias maiúsculas sobre a Argentina e ontem a vitória sobre um fantasma. Vencer a França em Saint-Dennis é importante, mesmo sendo amistoso, principalmente da maneira que foi, jogando e muito bem. Agora dizer que isso espantou os fantasmas de 1998, 2006 e 2014, é piada. Assim como o Brasil, a França passa por uma remodelação, uma nova geração está crescendo e tentando achar ritmo como time. Ontem ficaram de fora, o goleiro e capitão do time Hugo Lloris, o lateral Mathieu Debuchy, os meias Maxime Gonalons, Yohan Cabaye e a principal estrela do jovem time, Paul Pogba. Pelo menos três ou quatro deles, são do time titular francês. David Luiz, Marquinhos e Diego Tardelli também ficaram de fora por contusão, dois deles titulares, mas nenhum que realmente faça falta como Pogba, por exemplo.

Zidane dando chapéu em Ronaldo
nas quartas da Copa de 2006
Mas não vamos tirar os méritos, o Brasil parece ter encontrado um estilo de jogo com um ataque mais leve, marcação por pressão da marcação e dois laterais mais fixos, que não deixam as pontas abertas. O problema é querer fazer dessa vitória e desses méritos, uma vingança que não existe. A vitória em um amistoso ontem, não vai vingar os eliminação nos pênaltis de 1986, nem a final mais humilhante de uma Copa do Mundo como foi o baile francês em 1998, nem a atuação de gala de Zidane na eliminação de 2006. Nada disso, vai tirar o brilho de que a França teve sobre a nossa Seleção nos últimos trinta anos, e muito menos, nos fazer esquecer do humilhante 7x1, de oito meses atrás.

Parece que o desejo de vingança é maior do que o desejo de mudança, parece que estamos fadados sempre ao mesmo fracasso e pelo visto, a única coisa que sempre foi exemplo em nosso país, está caindo no mesmo erro de todo o resto.

Peço apenas encarecidamente que CBF, comissão técnica, jogadores e imprensa tratem como tudo estivesse certo, que não é uma vitória sobre a França e um título caça-níquel contra a Argentina na China que vão apagar os vexames das nossas categorias de base, dos nossos clubes no último ano dentro do nosso continente, que nossos jogadores não estão entre os melhores do mundo e que a dependência de toda equipe está em um jogador, que ainda é um coadjuvante de luxo na Europa. O Brasil tem um longo caminho a percorrer, Dunga tem seus méritos, mas mantém os erros da passagem anterior, muita soberba, o excesso do sangue no olho que faltou na Copa de 2014 e que sobrou na Copa de 2010, o problema é que em uma geração que já se mostrou psicologicamente instável, o pode ser benefício e malefício disso tudo. Não adianta passar quatro anos vencendo França, Alemanha e Argentina, se o nervosismo estraga tudo em cinco e o trabalho de todo esse tempo vai por água abaixo.

Por Luca Laprovitera

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