Daquele 8 de Julho de 2014 para hoje, um ano depois, o futebol brasileiro não revelou lá grandes jogadores, no Sul-Americano Sub-20 quase ficou fora do Mundial, nesse já foi bem, mas perdeu a final para a inexpressiva Sérvia. No Sub-17, foi campeão no continente, na principal até enganou com amistosos, mas passou por outro vexame na Copa América, saindo ainda nas quartas-de-final, na Europa, alguns brasileiros se destacaram, mas ainda são coadjuvantes de suas equipes. Nas competições de clubes, só vexames, na Libertadores conseguimos pôr pelo menos um time na semifinal esse ano. Em 2014, nenhum nem na Liberta e nem na Sul-Americana.
O histórico recente é triste, o que vem sendo feito para mudar é mais ainda. Claro que tem países tradicionais em situações piores, a Argentina, por exemplo, tem uma bela geração ainda em campo (mesmo sem ganhar algo), mas as futuras vem indo mal nas competições de base e as escolhas da AFA pelo futebol local conseguem ser piores do que da CBF. Só que o alvo dessa coluna é o Brasil. Os piores em campo na ocasião, David Luiz e Fernandinho são figurinhas certas nas convocações, o zagueiro, além de ter falhado em momentos cruciais não só pela Seleção Brasileira, foi decisivo negativamente na eliminação do seu clube, o PSG, na Liga dos Campeões da Europa.
Completos um ano do vexame, se passou um outro dias depois, um 3x0 para a Holanda na decisão de 3º lugar, veio a bonança das dez vitórias seguidas em amistosos e voltou a realidade, crua e dolorosa, uma vitória sofrida no fim contra o Peru, uma derrota para a Colômbia e o sofrimento para vencer a Venezuela, assim foi a Primeira Fase da Copa América. Nas quartas, empate sofrido contra o Paraguai e eliminação nos pênaltis.
Fora de campo, veio outro vexame, a Dona Lúcia ninguém engoliu, aí voltou Dunga para treinar a Seleção. Convocados jogadores que atuavam na China, Emirados Árabes, outros de duvidosa qualidade da Ucrânia, outros que nem 20 partidas como profissional tinham. Reunião com os técnicos vivos da Seleção, velhos, desatualizados e pior, todos desempregados, os únicos que ainda estão trabalhando, são constantemente criticados pelos mesmos motivos, e pior, nem foram.
José Maria Marin saiu da presidência e deu lugar a Marco Polo Del Nero. Marin, foi preso, a CBF entrou em uma encruzilhada, já que o próprio Del Nero e Ricardo Teixeira (presidente antes de Marin) estão sendo investigados e o provável caminho é o mesmo do ex-militar. Não foi investido na categoria de base, sem novos CT's, o Bom Senso continua sem voz, os estaduais inchados, federações sucateadas e com dinossauros a frente, o futebol feminino continua pobre e a geração boa está velha. A curto prazo, os resultados já estão na nossa cara, a longo prazo pode ser ainda pior. O poderio financeiro e social dos europeus já dão um baile no nosso e isso pode demorar décadas para se contornar, mas mercados como a China estão massacrando o que existe ainda de bom por aqui. Nossos jogadores preferem ir se esconder nos países asiáticos do que continuar aqui ou ir para a Europa, mas para isso, existem "N" fatores, mas que com uma liga organizada, clubes pagando em dia e futebol competitivo no alto escalão, poderíamos ainda segurar muitas peças.
Capa do jornal carioca 'Meia Hora', um dia depois |
O pior é, a torcida ainda também não entendeu os 7x1. Obviamente por ser nossa cultura, tratamos como brincadeira, mas como diria o ditado: "Toda brincadeira tem um fundo de verdade". Enquanto não agirmos, o futebol continuará na mesma. Os dirigentes continuam impacientes, apostam no escuro e trocam de técnico sem dar tempo de um trabalho ágil. O exemplo de gestão no Brasil, está no Palmeiras, o ingresso mais caro do país, onde muitos torcedores fiéis não podem por conta da falta de dinheiro. Os torcedores brincam, tiram sarro da Argentina, mas não entendem, tomar 6 da Bolívia é feio, tomar 5 da Colômbia em casa também, mas tomar 7 na semifinal da Copa, dentro de casa, pode ser para Alemanha ou Haiti, é a maior humilhação da história do futebol.
O fato é que depois de um ano, dirigentes, clubes, torcedores, jornalistas, ninguém entendeu o 7x1. Procuramos várias alternativas, sempre remetendo a um passado vencedor que hoje nos trouxe um presente derrotado, sem entender o futuro e sem querer se abrir a nossas possibilidades. O futebol brasileiro não precisa copiar nenhum modelo, mas precisa achar uma nova essência, mantendo a antiga, mantendo a identidade, mas não consegue nem repetir o sucesso e nem copiar o que em outro canto deu certo. Perdemos a nossa cara e alma mesmo antes de Belo Horizonte, só não tínhamos visto e quando finalmente enxergarmos o problema, talvez seja um pouco tarde demais.
Por Luca Laprovitera