Campeonato Cearense, o mais sem vergonha do Brasil

Costa-riquenho, David Madrigal é o pivô da nova-antiga polêmica

Títulos conquistados 80 anos depois, quatro campeões, federação abrindo em pleno domingo para adiar jogo faltando um dia, jogador com contrato cancelado para poder jogar no rival arbitrariamente, e a última é federação denunciando seu próprio afiliado por algo de treze anos atrás, tudo isso aconteceu apenas de 1992 até hoje, o Campeonato Cearense e a sua arcaica FCF - Federação Cearense de Futebol fazem um show de lambanças, priorizando sempre os clubes da capital, dependendo de quem está no poder, seu clube do coração, sendo Ceará ou Fortaleza quase sempre, envergonham e deixam o futebol local cada vez menos atraente.

ENTENDA O CASO
O ano é 2002, o Ceará contrata o atacante costa-riquenho, David Diach Madrigal, de 27 anos. Seu último clube tinha sido o Roma de Apucarana. Ao longo do estadual cearense, o jogador marcou 10 gols que ajudaram o alvinegro a ser campeão cearense, um deles inclusive contra o rival Fortaleza. Na época foi então descoberto que David não tinha o visto necessário para atuar no país. Em processo aberto pelo Fortaleza, se pedia a perda de 17 pontos do Ceará, o que tiraria o título do alvinegro e daria o então tri-campeonato pro tricolor. Na época, o caso foi vencido pelo Vovô, defendido pelo advogado Clayton Marinho no TJD-CE. Revoltado, o Fortaleza entrou com o processo 17ª Vara Cível. A alguns dias, o jornalista Mario Kempes, do Diário do Nordeste informou que a Federação Cearense de Futebol notificou o TJDF sobre o Fortaleza ter quebrado o artigo 231 do CBJD - Código Brasileiro de Justiça Desportiva. O código fala que os clubes só podem se utilizar da justiça comum quando se exaurirem todas estâncias da justiça desportiva.

Vale lembrar que quando o Fortaleza abriu o processo contra David Madrigal, o Código ainda não existia, já que os artigos foram redigidos em 2009 e o processo é de 2002. O tricolor foi julgado hoje, sendo excluído do estadual, recebendo uma multa de R$ 50,000 e ainda por cima sendo rebaixado para Segunda Divisão Cearense em 2016. Assim, o Icasa joga a decisão contra o vencedor de Guarani de Juazeiro e Ceará, e já está no Nordestão do próximo ano. O Fortaleza ainda pode recorrer ao Pleno do Tribunal.

Após ao julgamento, Eugênio Vasques, diretor-jurídico da Federação Cearense de Futebol comentou o caso: "Trata-se de coisa julgada sem prescrição. A FCF entende que ela tem que ser levada ao conhecimento do pleno do Tribunal e, se for o caso, ao STJD". A própria FCF entrará com o pedido de efeito suspensivo amanhã: "A FCF não medirá esforços para auxiliar seu filiado nessa questão, porque entende que o campeonato realizado dentro de campo é o real resultado que se espera ao final de uma disputa entre clubes". A entrevista foi feito pelo repórter Lucas Matos, do site de notícias, Tribuna do Ceará.

Vale ressaltar, que foi a própria Federação que reabriu o caso contra o Fortaleza na semana passada e hoje parece arrependida pelo que faz. O certo é que não é a primeira mancada da atual gestão que não ajudou o Icasa quando a equipe do Cariri precisou em julgamento contra o Figueirense. Não se sabe o porquê da mudança de pensamento nesses poucos dias, mas quem sabe os anunciantes e o interesse das emissoras de televisão que detém os direitos, Verdes Mares (afiliada à Rede Globo no estado) e a Esporte Interativo podem ter feito a pressão necessária para tal.

O Fortaleza entra em campo novamente domingo contra o Sport pela Copa do Nordeste e precisa apenas do empate para ir para a semifinal do torneio. Caso consiga o efeito suspensivo, joga a primeira partida das semifinais domingo, dia 05/04 contra o Icasa no Romeirão.

Veja o documento de denuncia no link abaixo:
http://docs.google.com/viewerng/viewer?url=http://blogs.diariodonordeste.com.br/blogdokempes/wp-content/uploads/2015/03/Denuncia.pdf